Luis Humberto Miranda Martins formou-se em arquitetura em 1959 pela Faculdade Nacional da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), integra a equipe de professores que funda a Universidade de Brasília em 1962, na qual leciona inicialmente arquitetura e urbanismo e, posteriormente, fotografia, tornando-se, em 1992, o primeiro professor titular desta disciplina numa universidade brasileira. Entre 1985 e 1986, é diretor executivo da Fundação Cultural do Distrito Federal. Torna-se fotógrafo profissional em 1966, destacando-se sobretudo nas revistas Veja (1968/1978) e IstoÉ (1978/1982); assim como diretor de arte e editor de fotografia do Jornal de Brasília (1973). Trabalha também intensamente como fotógrafo de expressão pessoal, dividindo-se entre a documentação da paisagem urbana de Brasília e os sensíveis ensaios intimistas de caráter autobiográfico. Desde meados dos anos 70 escreve regularmente ensaios técnicos e teóricos sobre fotografia, alguns dos quais são reunidos no livro Fotografia: Universos & arrabaldes (1983). É autor ainda de Brasília, Sonho do Império, Capital da República (1981).
São “gente” e políticos, uma espécie humana à parte, que habitam as fotos de Luis Humberto. O fotógrafo, pela diagramação simples e sensível, joga, uma ou outra vez, dentro do mundo dos “vivos” que participam e protestam, os que, olhar “severino”, apenas esperam. Aquela presença visual escassa de miséria faz com que ela se torne mais pungente. Os políticos, sob o olhar sorridente do fotógrafo, se transformam em gente. Atores inatos, eles continuam a sua representação no palco público, mas se deixam surpreender nas suas expressões humanas: tédio, pasmo, exuberância, desencanto, procura vã dos horizontes novos. Nesta fatia do trabalho, há algo que lembra os primeiros instantâneos das personalidades do mundo político feitos por Erich Salomon por volta de 1930. Na sua ausência, os acontecimentos diplomáticos perdiam o impacto. Da mesma forma os diálogos, cochichos, conversas e desconversas — os pratos do dia do Congresso — perderiam o seu sabor sem a presença de Luis Humberto.
Luis Humberto — editor-fotográfico — obriga o leitor indisciplinado à leitura ordenada. É bom aprender a não confundir o livro de fotografias com o assim frequentemente chamado “álbum de fotos”, que daria ao leitor o direito de um folhear disperso.
Luis Humberto, na concepção e execução do livro, fica coerente com as “notas e ideias nem sempre convergentes sobre a fotografia e ideologia”, o seu depoimento feito este ano durante o II Colóquio Latino-Americano de Fotografia no México: “É hora de deixarmos de nos preocupar em impor compromissos à fotografia para o cumprimento dos quais ela não se destina, e entendermos, finalmente, que sua verdadeira importância está na possibilidade de ser usada como caminho para compreendermos a vida”.

